Uma breve reflexão sobre a glândula tireoide, sua
função, importância e todos os passos que ocorrem tanto nela quanto fora dela
até que exista equilíbrio de produção, armazenamento, e ativação fisiológica de
seus hormônios em todos os níveis do corpo traria espaço suficiente para
capítulos de livros. Não é à toa que, dentro da ciências da saúde, existam focos de pesquisa e trabalho apenas
em hormônios. E dentre estas especificidades há um ponto muito importante a ser
considerado a respeito do controle dos níveis de hormônios tireoidianos. A função de reserva hormonal
extra-tireoideana.
Esta função só existe por conta da diferença de
afinidade que T3 e T4 tem pelas proteínas carregadoras, e pelo fato de as
proteínas, quando unidas ao hormônio, dificultarem a sua saída do endotélio
capilar e impedirem a filtragem glomerular das proteínas ligadas aos hormônios,
desta forma eles permanecem na circulação sanguínea. A ligação do T3 e principalmente do T4 às proteínas cria
uma quantidade cerca de três vezes maior que a quantia de hormônio sintetizada
e degradada durante um dia inteiro.
Este sistema de reserva é tão preciso que pode ser
comparado a um sistema tampão que matem o pH (potencial hidrogenionico)
estabilizado. Em termos numéricos pode-se dizer que o tanto aumentos agudos
quanto quedas vertiginosas na secreção de hormônios não causam tantas
alterações nos níveis de hormônio no sangue. Por exemplo:
1. Elevação dos níveis de
Tiroxina (T4) sem aumento da degradação por um dia.
A secreção dobrada de T4 acarretará em aumento dos
níveis deste hormônio na corrente sanguínea. E depois de passados 1 dia com a
secreção aumentada é de se esperar que a taxa deste no sangue seja bastante
alta. Além disso, a degradação de hormônios continua normal, sendo assim,
haverá mais secreção de hormônio e pouca quebra, o que levará a acumulo do
mesmo. No entanto, são as proteínas que se ligam aos hormônios, impedindo sua
eliminação, sendo assim, há apenas um aumento de 30% de hormônios no sangue, ao
invés de um aumento de 100% de T4.
2. Elevação dos níveis de T4
por uma hora.
Da mesma maneira que a situação anterior, os níveis de
T4 tenderiam a aumentar bastante, por conta do aumento da secreção, no entanto
há apenas um aumento de 12% na taxa de hormônio no sangue, o que deixa clara a
capacidade de “contenção” do nível hormonal no plasma sanguíneo.
3. Inibição da secreção de T4
por uma hora.
O mesmo processo de estabilização da quantidade de
hormônios é válido quando não ocorre secreção. Na falta de T3 e T4 era de se
esperar uma queda vertiginosa, pois é comum enxergarmos o equilíbrio de forma
que a entrada e a saída de hormônios sejam sempre na mesma taxa, e por conta
disto, haja equilíbrio no corpo. Na verdade esta ideia não é de um todo errada,
pois apesar de as proteínas realizarem esta função estabilizadora sem novas
adições de hormônio ao sistema haverão complicações, sinais e sintomas de falta
hormonal. Mas quanto à regulação pelas proteínas, esta ocorre devido ao fato de estas impedirem a saída dos
hormônios pelo endotélio capilar, uma vez que estão ligadas a eles e não são
tão pequenas a ponto de passar pelo vaso sanguíneo. Sendo assim, eventos agudos
de supressão da secreção hormonal, conseguem ser contidos e seus efeitos no
corpo humano não são evidentes, pois apenas os hormônios livres passam pelo
capilar e estes representam apenas 1% de todo o hormônio circulante.
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